martes, abril 17, 2012

Brasil con los pies en la tierra


Abril en Sao Paulo, Campinas y Ribeirão Preto y mayo en Porto Alegre. Vuelvo cada tanto a Brasil. Por supuesto, mucho menos de lo que me gustaría pero lo suficiente como para ser testigo privilegiado del "cambio de época" que está viviendo nuestro país vecino. Como veíamos hace poco en un artículo sobre las características del diseño brasileño, los creativos del país están buscando inspiración en su realidad cotidiana para ofrecer soluciones originales a problemas sociales de larga data.

En la revista digital Ciano, dedicada a reflexionar sin apuro sobre cuestiones afines al diseño, encontré una deliciosa entrevista al Profesor João Bezerra con declaraciones valientes que, de alguna manera, ilustran el compromiso que están asumiendo muchos diseñadores brasileños:

Por isso eu sou um pouco contra essa história de considerar a moda como um campo do design. Nada tenho contra design de vestimenta, design de vestuário. Sou absolutamente a favor. Podemos fazer uma camisa que seja mais confortável, uma capa que respire melhor. Agora, fazer moda, para tornar a coisa obsoleta em pouco tempo? Para quê? Para mexer como essa vaidade individualista de cada um? É complicado. 
Não estou querendo propor aqui goiabeiras de Fidel, nem aquele terninho do Mao Tsé Tung, todo mundo igual. Estou propondo que, dentro do procceso de criação da vestimenta, você saiba o que incomoda na roupa, o que está inadequado, o que é deselegante - e trabalhe na direção de corrigir essas questões. Qualquer um de nós já usou uma calça que apertava onde não devia, um sapato que esquentava demais, uma camisa que não vestia bem. Se for um projeto nesse caminho, de solução de problemas desse tipo, não tenho dúvida nenhuma. Imagina a contribuição que você pode dar ao projeto de vestimenta de um carteiro, por exemplo. Não só a vestimenta, mas também o complemento, não é? Aquela bolsa pesada à beça e carregada de um lado só do corpo! O sujeito é um candidato a ter escoliose. Não tem jeito, ele está forçando muito mais um lado do que o outro. É um complemento que merece a intervenção do design. 
Agora, dependendo do designer, tanto pode ser o complemento de um carteiro, quanto pode ser uma bolsa Dolci&Gabanna de, sei lá, três mil reais. Eu prefiro fazer a do carteiro. Aí é questão de cada um, o gosto e a competência de cada um. Para a bolsa da Dolci&Gabana eu me sinto incompetente.
(...) 
É uma coisa que se deve pensar no design: o direito das pessoas terem uma vida normal. 
Você tem toda essa gama de gente na sociedade: o cara que puxa o carrinho na rua, o jardineiro que fica agachado o tempo todo, o frentista do posto que inala gasolina e álcool o dia todo. A gente tem que olhar para essas pessoas que estão usando produtos, que estão trabalhando e que, muitas vezes, estão sendo prejudicadas por produtos absolutamente inadequados. 
(...) 
E a gente não deve entrar nesse papel de incentivador do consumo compulsivo, por uma questão ética. O viés aí é a postura ética de cada um. Se isso não está contribuindo com nada para a sociedade, e com nada para a vida daqui pra frente, então eu não vou fazer. Para enriquecer uns poucos e prejudicar todo mundo? No mercado, a gente sempre deve se perguntar: estou enganando alguém? Estou a fim de enganar os outros? É isso. Ou eu estou a fim de esclarecer, de contribuir?





En el mismo número de la revista, Felipe Massami arremete contra la obsesión onanista de los diseñadores que desesperan por crear una nueva silla, marcando aquí también la necesidad de trabajar con sentido:

Estranhamente, essa simplicidade tornou-se superestimada. Designers de todo mundo almejam deixar sua marca por meio desse objeto, até parecendo um certificado que atesta a formação desse profissional. Se formos a qualquer premiação, bienal, exposição etc iremos, com total certeza, nos deparar com 127 por Felipe Massami imagens Felipe Massami reavaliando 128 mais uma inovadora, magnífica, estupenda, brilhante, genial cadeira... Sejamos honestos, tendo em vista que o design tem como premissa construir soluções pautadas em conhecimento prévio utilizando-se métodos a fim de chegar em soluções inteligentes para o mais variado problemas, dar-se o luxo de projetar cadeiras é ignorar o potencial que esse campo tem de transformar a realidade, prendendo-se a redundâncias. Já estamos saturados de excelentes designers que realizam maravilhosos projetos de assentos para todos os gostos, poderes aquisitivos, estilos etc. E para esses, devo parabenizá-los pelo trabalho primoroso que realizam. Mas será mesmo que tendo tantos profissionais que se dedicam a isso, é necessário haver outros tantos nesse mesmo caminho? 
O projeto de novas cadeiras, talvez, só se justifique em algumas situações como: quando a cadeira torna-se o meio para determinado fim, como no caso de cooperativas/ ONGS que precisam agregar valor em seus produtos para poder se manter; quando é utilizada como uma plataforma para experimentação de diferentes técnicas e materiais; quando esta se torna o resultante de um novo modelo de produção ou negócio. Pois, uma cadeira por si só, não se "sustenta".



No es casualidad que florezcan en Brasil iniciativas como Design Possível, ONG que impulsa la transformación social a través del diseño. Como contraste de esta tendencia brasileña recomiendo la lectura de la crítica lapidaria de Bryan Bell a la muestra "Foreclosed: Rehousing the American Dream" del MoMA.

Para terminar me atrevo a copiar un texto encontrado en la Ciano de potente actualidad:

We, the undersigned, are graphic designers, photographers and students who have been brought up in a world in which the techniques and apparatus of advertising have persistently been presented to us as the most lucrative, effective and desirable means of using our talents. We have been bombarded with publications devoted to this belief, applauding the work of those who have flogged their skill and imagination to sell such things as: cat food, stomach powders, detergent, hair restorer, striped toothpaste, aftershave lotion, beforeshave lotion, slimming diets, fattening diets, deodorants, fizzy water, cigarettes, roll-ons, pull-ons and slip-ons. By far the greatest effort of those working in the advertising industry are wasted on these trivial purposes, which contribute little or nothing to our national prosperity. In common with an increasing numer of the general public, we have reached a saturation point at which the high pitched scream of consumer selling is no more than sheer noise. We think that there are other things more worth using our skill and experience on. There are signs for streets and buildings, books and periodicals, catalogues, instructional manuals, industrial photography, educational aids, films, television features, scientific and industrial publications and all the other media through which we promote our trade, our education, our culture and our greater awareness of the world. We do not advocatethe abolition of high pressure consumer advertising: this is not feasible. Nor do we want to take any of the fun out of life. But we are proposing a reversal of priorities in favour of the more useful and more lasting forms of communication. We hope that our society will tire of gimmick merchants, status salesmen and hidden persuaders, and that the prior call on our skills will be for worthwhile purposes. With this in mind we propose to share our experience and opinions, and to make them available to colleagues, students and others who may be interested.  

First things first manifesto, 1964
(Pic que ilustra el post)


martes, abril 03, 2012

Las cosas tienen movimiento


La última crisis económica en los países centrales ha puesto en evidencia un fenómeno que se viene consolidando desde hace años como respuesta al consumismo desmedido y gracias a la intermediación de las nuevas tecnologías:  El consumo colaborativo. En esencia, estamos frente a un profundo cambio de hábitos culturales y económicos en torno a la misma naturaleza de los objetos que nos rodean, orientada a valorar el acceso cómodo, barato y confiable a productos y servicios sólo cuando realmente los necesitemos, en contraposición con la acumulación desmesurada de bienes más allá de nuestras posibilidades temporales de agotar su uso. Pueden consultarse aquí y aquí dos muy buenos posts introductorios al tema.

De la mano de esta tendencia los gobiernos van tomando nota sobre un nuevo indicador económico: La felicidad. La paradoja, que sitúa a algunos países francamente pobres en términos de su producto bruto al tope de los rankings globales de felicidad, parece explicarse por una obviedad: Tener no es equivalente a ser feliz (por supuesto, en la medida en que estén cubiertas las necesidades básicas). La desigualdad, medida por la distancia entre el más rico y el más pobre, es también un indicador interesante de la felicidad de los países. Los datos duros confirman la robustez del fenómeno, particularmente en los más jóvenes, y auguran un crecimiento sostenido en los próximos años.  

¿Qué pasa en Argentina? ¿Cómo reacciona nuestra economía creativa ante estos nuevos desafíos? El capítulo local de KitchenParty, el bicing o los nuevos programas para compartir autos apuntan en una dirección interesante (¡aunque todavía nos falta lo mejor!). Está claro que hay terreno fértil en un país que reaccionó de maneras tan imaginativas a la crisis del 2001, refugiándose en la cultura y en la creatividad con propuestas que hoy podrían ser perfectamente encuadradas en el consumo colaborativo.